Oh lately, life has been such a drag

Já disse aqui algumas vezes, é importante sacar que as coisas não são sobre você. É isso mesmo, você não é o centro do mundo. Mesmo o que é dito pra você, na verdade não é sobre você, é sobre quem diz. Não leve pro pessoal.

Isso ai de cima eu sei. Muito diferente disso é viver.

Balada (BA-LA-DA), sexta-feira. Salto matando meu pé, uma dúzia de desconhecidos e uma obrigação de estar ali porque “ai, adoro a noiva”. Extremamente autociente da minha falta de saco e vontade de estar naquele lugar, cercada de rapazes com o cabelo mais arrumado que o meu e meninas de vestido colado. Não sou assim.

Mas, né. Lá estamos. A banda toca Guns e Aerosmith, longe de serem minhas bandas favoritas, mas com a vantagem de todas as músicas serem conhecidas. Contando as horas pra ir embora enquanto canto as músicas. Uma afirma “meu Deus, como tem homem bonito aqui”. Sério? Porque nem olhar pro lados eu olhei. De boas. Porque né. Não sou do jeito das meninas dali, nem vale o esforço.

Acaba o primeiro show. Bom pra ir embora. Duas da manhã. Educadérrima. Tô até bocejando, tem mais gente indo embora, parti. Ai ela me para. Ela, desconhecida conhecida, amiga-da-amiga. “Você é linda”. E depois do “linda” veio a parte que não era pra mim. Te juro. Ela disse pra mim, mas, na verdade, dizia pra si mesma. E no final emendou “acho incrível que alguém como você saia e conviva normalmente com as pessoas, porque quando eu era igual a você, eu era uma idiota”. Era sobre ela, tá vendo. Até se chamou de idiota. Mas no meio daquilo tudo me chamou de ET, vocês viram também. “Alguém como você” claramente é alguém diferente dos outros. Monstro. Convivendo normalmente, meu Deus, como ouso?!

Imaginemos que você veja um casal gay. Tão lá de boa. Você chega e diz “Nossa, parabéns por pessoas como vocês estarem aqui, na rua, e convivam normalmente com as pessoas, porque se fosse eu, olha, eu não saia de casa não, heim”. Um cadeirante: “alguém como você aqui na rua, convivendo normalmente, se fosse eu, olha…”. Uma pessoa de 1,48: “eu sei que não é fácil ser mais baixa que a média brasileira, nossa, alguém como você na balada, acho incrível”.

In-crí-vel.

Por via das dúvidas passei o sábado inteiro sem por os pés pra fora de casa. Sabe-se lá se a minha presença alienígena monstruosa gera qualquer outra ação adversa.

*Um conselho: guarde pra você o que for sobre você. Beijos.

**Uma tendência exagerada e masoquista de pegar o que é dos outros, levar pra casa e passar a vida tentando entender.

*** Na verdade resolvi achar a dita cuja muito mal resolvida e levar mais tranquilamente a coisa toda em si. Mas se eu estava autociente no início da festa, agora sou o centro do mundo e só existe meu peso.

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