Memórias da quarentena

Em um inferno astral fora de época, deu um biziu qualquer no banco e cancelaram meu cartão de débito. Calhou também de eu estar sem acesso ao internet banking e a agência estar fechada devido não ter cumprido regras de segurança durante a pandemia.

Frente a miséria de eu não ter nenhum dinheiro fora o que tenho na conta que eu estou sem acesso, e eu não ter conseguido resolver essa merda depois de uma manhã inteira falando ao telefone com o banco, me encontro no seguinte dilema: preciso fazer coisas que na minha agência e minha agência está fechada. Aparentemente é um problema insolúvel. O banco pretende que eu vire sem teto e morra de fome até o fim da quarentena. Tendo eu feito o devido escândalo nas redes sociais, reclamado no Banco Central e postado no Reclame Aqui, fiz depois o que qualquer pessoa sensata de 35 anos faria: chorei de soluçar.

Mesmo com todo o emblema, todo o problema, todo o sistema

Num dos piores momentos dessa vida, minha chefe ontem me informou que a mudança do post abaixo CAIU.

Simplesmente eles fizeram as contas, depois de terem me proposto, e com cortes no orçamento e falta de previsão de futuro porque não se sabe do que será do mundo pós pandemia, e não cabe a minha mudança de PJ pra CLT.

Eu chorei feito criança. Não com a minha chefe, mas comigo mesma. Eu contei, orgulhosa, da mudança pra vocês no blog. Eu escrevi no twitter. Eu contei pras minhas melhores amigas. Pra minha família. E não vai mais acontecer.

E eu chorei ontem o dia inteiro. São dezenas de sonhos que me permiti sonhar. Não vou mais. Não posso mais. Porque eu sou uma PJ de contrato anual. Meu Deus, que pesadelo horrível. E como minha chefe foi irresponsável de me iludir se não tinha certeza que era possível.

Vida que segue.