Eu posso, eu vou

Com o meu namorado eu impus uma regra: é proibido falar de feminismo salvo que isso vá virar uma conversa séria. Não consigo ter com leveza e fazer brincadeiras sobre algo que com o tempo se tornou tão importante para mim. Não existe brincadeirinha e zoação.

É um desafio enorme ter-se como mulher feminista, em constante empoderamento, e aceitar que o cara que tá com você tem traços tão grandes de machismo. Sempre busco lembrar-me que eu também cresci nessa sociedade que tem internalizada e institucionalizada tantas coisas absurdas e que não nasci feminista, mas me tornei. Exige uma paciência tremenda.

E eu tenho. Com ele, que é o meu amor, que me faz ser mais feliz, com quem eu quero viver minha vida. Faz sentido tentar explicar, ir aos poucos, aceitar as limitações e mostrar com exemplo. Faz sentido até escutar absurdos e discordar. Com ele, que eu amo.

Porém… não tenho a menor obrigação de ter paciência com homem barbado que tem medinho de ter seus privilégios diminuídos. Não tenho que eu, como Alice e dona dos 4 sobrenomes que seguem esse nome, baixar minha cabeça e escutar “homi” achando que tá  sempre certo. Não tenho que ter vergonha de me posicionar, de me opor, de não me calar.

Você, mulher, também não tem.

Eu vou é gritar.

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I need a good advice that maybe I just won’t take

Eu estou a um surto de ligar pra minha ex-terapeuta e pedir pra voltar.

E aí você se pergunta: mas porque você não voltou pra terapia ainda? Porque vergonha na cara a gente só tem aconselhando os outros, com a gente, a regra é postergar pra sofrer mais.  E adivinhem: tô sofrendo.

A pior parte do meu sofrimento é que eu sofro muito mesmo tendo muita coisa boa. Então me faço de doida e ingrata com o universo. Mas como é que o amanhã pode ser decidido com tanta incerteza?!

Desde dezembro tenho me lamuriado pelos cantos. Semana passada o RH me chamou pra uma entrevista que era baseada  em “você é uma ótima profissional, como faz pra mais pessoas serem assim?”. Saí de lá frustrada porque do que me servem belas palavras sem $valorização$, mas o aumento veio dois dias depois.  Incríveis quase 18%!!!

Parece ótimo?

Só que quando eu falei do aumento pra minha mãe ela disse “isso é aumento?”.  PÁ NA MINHA CARA.

Nunca pensei que ficaria triste de receber aumento, gente. Me senti um fracasso.

É porque isso aconteceu justamente quando eu tava considerando me inscrever pra uma vaga em outro estado e cometi o ERRO de comentar com a minha mãe.

Explico: uma empresa procurou a gente para uma vaga de terceirizado fazendo gestão dos projetos deles. O dobro de salário, ambiente e desafios novos e a minutos da praia.

Tenho o currículo mais que perfeito pra isso. Mas sei também que não tem ninguém no meu trabalho que possa assumir com tranquilidade minhas funções e meu senso de responsabilidade tá gritando.

Com tanta crise interna, externa e econômica, tenho falado muito mal do meu trabalho. Daí todo mundo acha que eu tinha que ir embora AMANHÃ e pensar só em mim. VAI PRA PRAIA SER FELIZ, MEUAMÔ (mamãe e namorado tavam bem pensando em passar as férias na minha casa Q EU TÔ LIGADINHA).

Quanto à vaga externa, minha chefe me recomendou não me inscrever, mas me deixou livre  para fazê-lo. Disse que pode ser que findo o 1 ano de contrato com a empresa lá, o mesmo não seja renovado e a minha vaga atual esteja bem ocupada. Tem o risco da organização não comportar o meu salário e eu ficar desempregada. Daqui a um ano.

Pensando apenas em estar longe, seria montar apê, usar a grana ~a mais~ praticamente para arrumar uma casa… vale a pena por esse tempo só? Sem carro, sem mãe e só no lerê. Sem amigos, sem Galo, sem Mozão que até disse que mudaria pra ficar comigo, mas o mudaria dele é algo aberto, né. Ele podia estar aqui HOJE e não veio ainda e não tem data pra vir.

Eu quero estar, nesse momento da minha vida, longe de tudo que eu sou? Mas quero ficar? Eu quero mudar ou quero fugir?

Estou perdida. Tenho que decidir até amanhã e talvez no processo tome 2 litros de sorvete de flocos.

 

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Millions of people in the race

Mozão, que mora longe e não manda tão bem português, quer vir morar em terras tupiniquins, mas dá medinho de morrermos de fome e o amor acabar com a adversidade. Eis que surge uma vaga aqui numa empresa legalzona para HABLANTES NATIVOS DE ESPAÑOL e justamente na área dele. Fiquei ANIMADÉRRIMA. Lembro que uma amiga pôs no facebook recentemente que tava trabalhando lá e vou perguntar pra ela qualéqueera, se ela sabe alguma informação, ças coisas.

– NOSSA, MAS 3 PESSOAS JÁ ME PERGUNTARAM DESSA VAGA!!!! DEVE TER JÁ UNS 300 INSCRITOS.

Não tá fácil pros sonhadores apaixonadim.

ps: de onde saíram tantos latino americanos da área de comunicação querendo morar em BH?!

Quiero hacer contigo lo que la primavera hace con los cerezos

São 3 para as 6 da manhã e eu não dormi essa noite. Tenho em poucas horas uma reunião importante de trabalho e ainda assim passei a noite insone no quarto de hotel . Mesmo exausta de um vôo cansativo depois de um dia inteiro de trabalho, não eu consegui pregar os olhos. Acontece que tô com medo.

Essa é a reunião mais difícil que eu já fiz sozinha. Estou indo com uma missão quase suicida.

Ano passado, em dezembro, eu sofri muito por causa do trabalho. Me desenamorei da instituição por me decepcionar com ela e desenvolvi uma pressa de fugir dali. Um dia antes de voltar de férias mandei meia dezena de emails com currículos. Não tive qualquer retorno.

Hoje, pouco menos de um mês mais tarde, tô aqui sofrendo com a ansiedade do puta desafio de fazer uma negociação antecipada como difícil dar certo.

Num livro que eu tava lendo ontem no avião tinha a cliché frase da Friday Khalo “donde no puedas amar, no te demores”. Essa frase tá martelando aqui dentro. Tenho medo de estar demorando demais.

Lembrei que sou de clichês e na parede o meu quarto tem um pôster com a frase “do with passion or not at all”. Vai com paixão mesmo.