Eu estou a um surto de ligar pra minha ex-terapeuta e pedir pra voltar.
E aí você se pergunta: mas porque você não voltou pra terapia ainda? Porque vergonha na cara a gente só tem aconselhando os outros, com a gente, a regra é postergar pra sofrer mais. E adivinhem: tô sofrendo.
A pior parte do meu sofrimento é que eu sofro muito mesmo tendo muita coisa boa. Então me faço de doida e ingrata com o universo. Mas como é que o amanhã pode ser decidido com tanta incerteza?!
Desde dezembro tenho me lamuriado pelos cantos. Semana passada o RH me chamou pra uma entrevista que era baseada em “você é uma ótima profissional, como faz pra mais pessoas serem assim?”. Saí de lá frustrada porque do que me servem belas palavras sem $valorização$, mas o aumento veio dois dias depois. Incríveis quase 18%!!!
Parece ótimo?
Só que quando eu falei do aumento pra minha mãe ela disse “isso é aumento?”. PÁ NA MINHA CARA.
Nunca pensei que ficaria triste de receber aumento, gente. Me senti um fracasso.
É porque isso aconteceu justamente quando eu tava considerando me inscrever pra uma vaga em outro estado e cometi o ERRO de comentar com a minha mãe.
Explico: uma empresa procurou a gente para uma vaga de terceirizado fazendo gestão dos projetos deles. O dobro de salário, ambiente e desafios novos e a minutos da praia.
Tenho o currículo mais que perfeito pra isso. Mas sei também que não tem ninguém no meu trabalho que possa assumir com tranquilidade minhas funções e meu senso de responsabilidade tá gritando.
Com tanta crise interna, externa e econômica, tenho falado muito mal do meu trabalho. Daí todo mundo acha que eu tinha que ir embora AMANHÃ e pensar só em mim. VAI PRA PRAIA SER FELIZ, MEUAMÔ (mamãe e namorado tavam bem pensando em passar as férias na minha casa Q EU TÔ LIGADINHA).
Quanto à vaga externa, minha chefe me recomendou não me inscrever, mas me deixou livre para fazê-lo. Disse que pode ser que findo o 1 ano de contrato com a empresa lá, o mesmo não seja renovado e a minha vaga atual esteja bem ocupada. Tem o risco da organização não comportar o meu salário e eu ficar desempregada. Daqui a um ano.
Pensando apenas em estar longe, seria montar apê, usar a grana ~a mais~ praticamente para arrumar uma casa… vale a pena por esse tempo só? Sem carro, sem mãe e só no lerê. Sem amigos, sem Galo, sem Mozão que até disse que mudaria pra ficar comigo, mas o mudaria dele é algo aberto, né. Ele podia estar aqui HOJE e não veio ainda e não tem data pra vir.
Eu quero estar, nesse momento da minha vida, longe de tudo que eu sou? Mas quero ficar? Eu quero mudar ou quero fugir?
Estou perdida. Tenho que decidir até amanhã e talvez no processo tome 2 litros de sorvete de flocos.