Postei esse post abaixo sobre a bariátrica no Instagram. Nunca tive tanto engajamento. A foto é sem graça, não existe motivo para chamar atenção. Fico pensando se as pessoas são muito fofoqueiras, acho que são. Eu sou também.
O motivo de eu ter promovido essa revelação é justamente porque não gosto de pensar nas pessoas vendo minhas fotos e tentando adivinhar se fiz bariátrica ou não. Fiz sim, o que que tem?
Também já estabeleci o tom: sou linda hoje, e aí de você que ousar me dizer que depois vou ficar muito mais bonita. A beleza tá aqui agora,viu? Aproveitei para espezinhar meus arquiinimigos bariátricos gordofobicos, que junto ao seu auto ódio tentam fazer todo mundo mais se odiar. Não quero ser assim. Não quero nunca odiar qualquer versão de mim.
E finalmente, queria muito também agradecer publicamente ao meu conge. Só ele sabe o trabalho que tá dando. É muito. Ele tá sendo ótimo.
Sobre o post: Muitas respostas fofas e reafirmações de amigas de que sou ótima e linda. E uma tia me mandou em privado que está torcendo por mim.
Ela foi a primeira pessoa a me mandar fazer bariátrica e eu pesava uns 30 quilos a menos. Só agradeci, mas aqui, no meu espaço seguro, fica a reflexão pro leitor: nunca seja a fonte de insegurança de alguém. Ainda mais alguém que confia em você. "Conselhos" de como a vida deve ser levada devem ser dados com muito cuidado. Essa minha tia me questionou em conversas sérias cada ponto da minha jornada. Um tormento tremendo. Escrevi sobre ela esse ano, só vocês verem abaixo.
Porém, uma das coisas que eu nunca quis na vida era fazer bariátrica como reafirmação a esse tipo de pessoa. Agora tô com um gostinho amargo de falha. Mas nem é, eu sei. Isso que eu tô vivendo agora é muito diferente do que a Alice 20 anos atrás vivia. Inclusive porque felizmente me tornei uma mulher muito mais confiante.
Meu superpoder é minha confiança. O ruim é que tem várias criptonitas por aí.
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Post do Instagram:
Cada um desses post-its é um refeição que eu fiz num dia desses. Parece muito, mas cada um era 70 ml, de hora em hora. E se esse pouco-muito por vários dias parece trabalhoso – e foi – quem fez esse trabalhão foi o meu conge, mostrando pro machismo (sim, ele foi questionado várias vezes por todos os profissionais que me acompanham se ele, como homem, realmente daria conta dessa atividade de cuidado. Ele deu). Obrigada por tanto cuidado, amor meu.
Esse post também é para eu contar que fiz bariátrica. Tive uma jornada bem longa até chegar aqui, e assim como sempre fui orgulhosa de ser qualquer coisa que fui, inclusive gorda, pois então, agora estamos bariátricos. É parte de abraçar o corpo que me é lar, me sustenta, dá conta de mim. Encontrava beleza nele antes, espero que siga encontrando agora. Aviso que não vou ficar mais bonita, "agora sim!". Eu sempre fui, viu. Repara nas outras fotos aí. Lindinha.
Uma das coisas que menos apreciei nessa jornada de gordofobia foi justamente meus encontros com os ex-gordos que passaram pelo procedimento. Quero ser assim não. Então nem busquem "antes x depois", "x tempos depois da melhor decisão" "eu renasci pra que minha melhor versão pudesse existir", "borboletei"… UGH NÃO PÁRAAAAAA!
Fazer bariátrica foi difícil. Foi difícil escolher fazer, difícil fazer os exames obrigatórios, difícil para que plano aprovasse, difícil o pós operatório e vai ser muito difícil agora que eu terei que reaprender tanta coisa.
Mas fica mais fácil porque tenho gente incrível comigo. Obrigada.
Agora bora, time. A primeira semana já passou!